quarta-feira, 4 de abril de 2012

Jogos Vorazes - Suzanne Collins

Sinopse do site Submarino: Mistura de ficção científica com mitologia e reality show, Jogos Vorazes é o mais novo fenômeno da literatura jovem, precursor de tendência no milionário mercado de best-sellers juvenis: a dos romances ambientados num futuro pós-apocalíptico. Há mais de 85 semanas na lista de mais vendidos do The New York Times e de outras publicações de prestígio dos EUA, e elogiado por Rick Riordan, da série "Percy Jackson", e Stephenie Meyer, da saga "Crepúsculo", o livro, primeiro volume de uma trilogia, rendeu à autora Suzanne Collins lugar na balada lista de 100 personalidades mais influentes do ano da revista Time.

Ambientado num futuro sombrio, o livro narra uma luta mortal pela sobrevivência encenada por crianças e transmitida ao vivo para todos os habitantes de uma nação construída nas ruínas de um lugar anteriormente conhecido como Estados Unidos. Com este mote surpreendente e uma narrativa ágil, Jogos Vorazes já foi traduzido para mais de 30 idiomas e vem se tornando um crossover, atraindo leitores de diversas faixas etárias.

Não fiz, eu mesma, uma sinopse, pelo simples fato do filme estar bombando nos cinemas, e muita gente está correndo atrás dos livros (é uma trilogia, se alguém vive em marte e ainda não sabe) então, acho que não tem muita gente por fora do assunto, certo?

Li o primeiro e o segundo livro num só dia, e o terceiro, no dia seguinte, não tanto tempo atrás assim. E fui ver o filme sem muita empolgação, embora não seja, nem de longe, uma dessas fãs que acham que nada do que foi adaptado é bom. Longe disso. Eu só fiquei com certa birra, pela estratégia escolhida para a divulgação. Fiquei irritada com esse papo de “novo Crepúsculo”, “novo Harry Potter”, etc. Mas vamos por partes, e já avisando que vou acabar misturando minhas impressões do livro com o do filme, desta vez.

De certa forma, por ser uma literatura juvenil (aqui no Brasil foi lançado pela Rocco Jovem), pode ser que os créditos a Harry Potter e Crepúsculo sejam devidos, pois não acho imprudente dizer que os jovens de hoje, provavelmente iniciaram-se no mundo da leitura por causa de tais livros (Harry, principalmente). Assim, podemos até aceitar que esses livros anteriores abriram portas e mentes para Jogos Vorazes e suas continuações, pois a história agora é mais pesada, sombria, e com uma grande crítica social.

Aí um ponto muito interessante de Jogos Vorazes: A distopia (seria algo como o oposto de utopia) criada é muito inteligente, e várias críticas a nossa sociedade atual podem ser lançadas. O visual berrante da capital (nisso o filme foi além da minha imaginação, quando li os livros) pode ser visto como nossa obsessão em seguir os ditames da moda, os fashionistas, as it girls... toda a capital parece uma mistura bizarra entre os visuais dos japoneses (estilo harajuku), desfiles de semanas de moda que assistimos por aí e algumas pitadas de idéias de modificação corporal. E ninguém pode ser considerado da capital, se não estiver parecendo uma salada de estilos. Encontramos também a questão das diferenças sociais, pois os distritos são inferiores à capital, e há diferenças também entre si. Distritos mais, digamos assim, amigáveis, ao discurso da capital não ficam tão mal em comparação ao de Katniss (os mineiros), por exemplo. E temos, claro, toda a questão dos realities shows, da dominação que os meios de comunicação em massa podem exercer nas pessoas, e até que ponto podemos ser meros expectadores, pois nesse caso, estaremos diante de um show de horrores, mas que a capital pinta, grava e transmite como o melhor e principal evento de todos os tempos, o que, num primeiro momento, parece não ser questionado pelos membros dos distritos.
E nenhuma dessas críticas se diminuem na presença do casal principal (e acho que não tem como não amar o Peeta), do certo triangulo que se forma na história, e dos demais personagens carismáticos que vão aparecendo (como Rue, por exemplo, ou até mesmo o ranzinza Haymitch). Nada dessas coisas tiram o viés de critica social que o livro tem. Assim, é um livro mais adulto que os demais, que se tornaram febre atualmente.
Por isso me irrita a comparação, principalmente com Crepúsculo (e olha, tenho e gosto dos livros. Harry Potter, então, amo). Crepúsculo tem seus méritos, mas não há críticas sociais, a história é mais sentimentalóide, bem água com açúcar, o que, inclusive, assusta os leitores do sexo masculino. E Jogos Vorazes tem tudo para agradar o público masculino, pois é ágil, e tem muitas partes focadas no torneio, na arena onde os jogos se desenrolam.
Mas, como sou do sexo feminino, também devo acrescentar uma observação: Muito bom que seja uma heroína no papel principal, e que ela aja, e não somente fique berrando por ajuda. No filme, tive a impressão, inclusive, que o personagem Peeta fica muito passivo, sempre precisando de Katniss para se salvar. O livro me dá outra impressão: Ele tem ciência de que não tem lá os melhores dotes físicos para sobreviver ao torneio mas sem ele, e todos temos consciência disso, Katniss não se transformaria no que é apresentado ao público, pois ela não tem lá grande carisma. Já ele é dotado de uma oratória impressionante, e tem uma capacidade de visão em perspectiva que praticamente inexiste em Katniss. Ele consegue enxergar o futuro, e as manipulações do jogo e das pessoas. Ela não. É mais força bruta, impulsos, instinto.
Não li os mangás, mas sei que Jogos Vorazes se inspirou muito em Battle Royale, embora a maioria apenas cite suas semelhanças com o Mito de Teseu.
Se alguém ainda não viu o filme, recomendo muito. E devo registrar que as notícias que li sobre “fãs” revoltados com a adaptação me deixou muito indignada. Obviamente, sempre tem o fã mala que acha que a adaptação não está lá grandes coisas. Mas criticar a escolha da cor da PELE dos personagens me deixa horrorizada. Primeiramente porque Katniss, no livro, sempre me pareceu algo como uma índia americana (o livro diz que ela tem cabelos negros e lisos, e pele olivácea), e personagens como a Rue foram descritas tendo cabelo e pele marrom escuro, então, me choca com gente dizendo que a escolha da atriz negra era uma afronta. Gente, por favor! E para aliviar o tema, pra terminar, devo dizer que me senti uma velha no cinema. Enquanto as meninas mais novas suspiravam ao ver a primeira aparição do Peeta, eu e as mais “senhoras” da sala só nos manifestamos quando apareceu o Cinna. Todas nós, quase balzaquianas, praticamente gritamos: É o Lenny Kravitz! Corram para uma livraria E para o cinema, aproveitem o feriado!

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