quinta-feira, 26 de abril de 2012

Na Natureza Selvagem - Jon Krakauer


Sim, eu demorei bastante para escrever de novo, mas o trabalho anda tão maluco aqui, tanta coisa, que mal sobra tempo para respirar. Mas ao invés de me justificar, vamos ao que interessa:

Na Natureza Selvagem, escrito por Jon Krakauer, conta a história de Chris McCandless, um jovem de família rica dos EUA, que, pouco após sua formatura, desaparece. Mas não, ele não foi seqüestrado ou algo parecido. Ele largou tudo o que tinha, inclusive seu dinheiro, e resolveu fugir do sistema e das convenções. Depois de anos, seu corpo, já em decomposição, foi encontrado no Alasca. Causa da morte: inanição. O autor, com base em pesquisas, depoimentos e relatos, traça os dias de Chris, desde sua ruptura com o mundo, até sua morte, buscando a trajetória feita, as pessoas que encontrou, o que pensava quando tentou fugir dos padrões da sociedade.

O livro é uma espécie de documentário, um relato sobre esse jovem, que realmente existiu. Sim, a história de Chris é verídica. Um jovem que tinha tudo, mas resolveu não ter nada. Indignado com a percepção de que sua vida toda tinha sido programada, tendo uma relação delicada com seus pais, e um amor muito grande a sua irmã, e tendo sempre se mostrado um amante da natureza e de esportes, como a corrida, quando se viu finalmente confrontado, tendo que assumir a vida que as pessoas entendem que os adultos devem ter, resolveu viver da forma com que ele achava que deveria. Num primeiro momento, em sua jornada, leva seu carro antigo, algum dinheiro e documentos. Depois, decide viver em total harmonia com a natureza, trazendo consigo apenas o que poderia carregar. Abandona carro, o pouco dinheiro que tinha, e também seus documentos. Passa a se auto denominar Alexander Supertramp. Para se deslocar pede carona, se precisa de algo que custa dinheiro, faz algum bico, fica um tempo em algum lugar até que obtenha o pretendido para, em seguida, continuar seu caminho incerto.

O autor, jornalista, reconstrói esses acontecimentos, e nos diz um pouco da personalidade de Chris/Alexander. Para muitos, um louco irresponsável, para outros, principalmente para as pessoas que conviveram com ele, um sonhador, uma pessoa boa, extremamente cativante.

Jon Krakauer vai tecendo sua história, fazendo comparações com outros personagens de trajetória semelhante, contando também um pouco sobre a família que ficou para trás, as pessoas que Chris cativou em seu percurso, e tentando resolver algumas questões: Por que escolher o Alasca? O que aconteceu com aquele jovem, que até então parecia bem preparado e inteligente o suficiente para prever alguns acontecimentos e evitar erros, a acabar morrendo de inanição, sozinho, num ônibus abandonado no meio do nada?

O leitor, por sua vez, pode tanto se identificar com aqueles de perfil mais prudente, que além de questionar as escolhas de Chris, ingênuas até, ou se identificar com ele, o que, de certa forma, é o meu caso. Quem teria coragem de abandonar tudo assim, ABSOLUTAMENTE TUDO, e sair por aí, vivendo do que a natureza pode te oferecer, pois não acha que o mundo atual não é uma escolha? Ao mesmo tempo, a trajetória de Chris revolta alguns, pois, além de ter causado a morte dele próprio, ao se tornar uma espécie de lenda, muitas pessoas, até hoje, tentam refazer o caminho que ele percorreu, também tentando enfrentar o frio da Alasca totalmente sozinho, sem muitos recursos. Também dá para entender a irritação das autoridades policiais de lá, que tem seu trabalho dobrado ao resgatar imitadores de Chris McCandless.

O livro teve uma adaptação cinematográfica, com o mesmo nome (em inglês, Into the Wild). O diretor é ninguém menos que Sean Penn (que também escreveu o roteiro). O ator principal é Emile Hirsch, que está muito bem no papel. O filme também conta com nomes como William Hurt, Márcia Gay Harden, Vince Caughn e Kristen Stewart (até então uma semi-desconhecida). O filme é lindo, Sean Penn e Emile Hirsch arrasaram mesmo!

E para finalizar, mesmo que não tenha vontade de ler o livro, ou de ver o filme, ESCUTEM a trilha sonora, que é deliciosa, feita por Eddie Vedder (sim, para os incautos, vocalista do Pearl Jam). Vale muito a pena, é linda, dá vontade de colocar no repeat para sempre.




“(…) SEM JAMAIS TER DE VOLTAR A SER ENVENENADO PELA CIVILIZAÇÃO, FOGE E CAMINHA SOZINHO PELA TERRA PARA SE PERDER NA FLORESTA”. (foto e frase reais de Chris McCandless)

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