quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Prova é a Testemunha - Ilana Casoy

Aqui no Brasil, impossível não ter sido bombardeado por notícias do caso da menina Isabella Nardoni. Não acredito que alguém, minimamente ligado nas notícias da TV, jornal e internet não saibam do ocorrido, acompanhando o caso, sua apuração e por fim, o julgamento (de Alexandre Nardoni, pai de Isabella, e de Anna Jatobá, sua madrasta). E não há quem ficasse imune à imagem da outra Ana, a mãe, e de todo o seu sofrimento, estampado no rosto, exalando a cada poro.

Pois bem. A pesquisadora Ilana Casoy pôde assistir ao julgamento, dia após dia, juntamente com a Promotoria. Logo no começo do livro, está uma peça técnica, jurídica, contendo a denúncia. Mas não pensem que o livro é somente assim, em juridiquês. Primeiramente, porque a denúncia serve para colocar o leitor no contexto do caso. E o que se segue é a narrativa da autora, muito bem feita, em linguagem clara, tanto que chegamos a ter a impressão de que estamos junto a ela, no Tribunal do Júri, assistindo ao julgamento, segundo a segundo.

Claro que todos sabem o desfecho do julgamento, mas não pensem que isso faz com que a narrativa fique cansativa. A descrição dos acontecimentos é muito detalhada, rica mesmo, sem tentar condenar os acusados logo na primeira folha. Fases do julgamento nos fazem lembrar o programa C.S.I., com as tentativas de criar e derrubar provas (lembrando o importante detalhe de que não houve confissão, nenhuma testemunha ocular, e com a vítima morta, não havia ninguém contando o que presenciou naquele apartamento do sexto andar). Em outros momentos, nos vemos num filme ambientado nos Tribunais, com os embates ferrenhos entre defesa e acusação.

Posso ter feito uma leitura meio apaixonada sobre o livro, pois sendo advogada, esse tipo de leitura me interessa. Mas não achem que ele é destinado aos estudantes/operadores de direito. O tema até hoje nos toca, e acaba interessando. Afinal, o que leva alguém a matar uma criança? E se a pessoa for o próprio pai?

Enfim, um caso real, finamente detalhado, com informações que a imprensa não nos deu. Mal posso esperar para ler outro livro da autora, O Quinto Mandamento, dessa vez sobre o caso von Richtofen, e conferir se a escritora manteve a mesma qualidade desse livro, hoje recomendado.

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