segunda-feira, 21 de maio de 2012

Fragmentos - Marilyn Monroe


Mal comecei o texto e já estou aqui pensando na dificuldade que vai ser colocar tags nele... Fragmentos não é uma autobiografia, não é romance, não é ficção, não é uma biografia (autorizada ou não). É uma reunião de coisas tão íntimas, escritos, desabafos, cartas, de ninguém mais que Marilyn Monroe.

E mesmo que o leitor não seja um grande fã, devemos reconhecer que é impossível ficar imune à presença de Marilyn. Desde que me entendo por gente (e não sou da época da atriz), sou bombardeada por fotos e imagens dela. Um dos preços de ser alçada a ícone, mesmo antes de morrer. Quem é Marilyn? Saindo da casca de Marilyn, quem era Norma Jean? Para alguns, deusa, para outros, diva, ícone, celebridade. Para outros, uma pessoa perdida e fútil, ou uma alma atormentada. Mas ninguém diz que é uma reles mortal. Esse status básico não foi permitido a ela. Ela poderia ser tudo, mas não poderia ser mortal. E talvez por isso sua morte ainda seja objeto de tanta especulação. Suicídio? Conveniência? 

E o que se sabe sobre ela? Geralmente, o que se vê nos filmes. Aquela imagem de Vênus platinada, inocente - mas nem tanto, sedutora e não muito inteligente. Ou, para os que buscaram a opinião de outros, uma pessoa melancólica, que fazia muitos questionamentos sobre a vida, e que sofreu uma série de traumas durante sua existência.

E então, surge esse livro: Fragmentos. Como disse, difícil de conceituar. Mas abre uma luz sobre Marilyn.

Imaginem que vocês mantêm textos, rabiscos, projetos de poesias, etc., guardados. E que às vezes, esses escritos guardam também todas suas agonias, raivas, frustrações e inseguranças, misturadas com listas de jantares, confissões tolas e análises que você faz sobre o que está ao seu redor e pior- sobre si mesmo.
Isso tudo é o que se encontra em Fragmentos. São textos espalhados de Marilyn, sobre suas reflexões. Imagina o que é abrir o diário de alguém? Imagine então abrir o diário da diva. Com isso, você poderá se surpreender (opa, talvez ela não fosse tão desmiolada quanto pintam), ou se decepcionar (talvez ela seja sim, desmiolada, fora de rumo). Mas poderá saber o que a própria pessoa pensava de si própria, o que temia, e o quanto era frágil.

O bacana é que o livro é lindo, com capa dura, recheado de fotos (não comuns) da diva, e em muitas delas, rodeada de livros (ela se esforçava em tentar melhorar, e devorava livros, como escape, e lia também muitos clássicos, livros tidos como difíceis).

Há várias notas explicativas, que situam o leitor naquele universo. No fim, uma cronologia da vida da atriz, e alguns comentários interessantes sobre sua vida.

E o melhor, a edição traz cópias dos textos, assim como foram escritos (ou seja, com a letra de Marilyn e também seus erros ortográficos, riscos e rabiscos). Na página ao lado, a versão “traduzida”, limpa para o leitor.

Como disse, não é uma história. Mas foi muito interessante ver o quão atormentada poderia ser uma pessoa que, para os olhos de muitos, tinha tudo o que se poderia desejar. Para mim, é agonizante ler alguns trechos onde ela se questiona tão profundamente, sobre tudo. Ver o quão triste e solitária uma pessoa poderia ser, e quão insegura sobre si mesma.

E, claro, é daqueles livros lindos que você pode deixar na sala, de decoração (depois de ler, vai, não seja fútil)! :)


Trechos:
 Após um ano de análise

Socorro, socorro
Socorro.
Sinto que a vida está chegando mais perto
Quando tudo o que quero
É morrer.

Grito-
Você começou e terminou no ar
Mas onde estava o meio?

 ---

Porque é que eu tenho a sensação – de que nada está realmente acontecendo - mas estou interpretado um papel - pelo qual me sinto culpada nele tanto quanto sei o que estou dizendo o que sou e (os) seus efeitos premeditados - exceto
Estou inibida demais para me sentir espontânea porque estou com medo de ser má –
Porque não sei o que vai sair disso - o que vai acontecer
Até gás do meu estômago (com medo de escrever peido)
E serei humilhada e me sentirei menor do que qualquer coisa ou pessoa


2 comentários:

  1. Oi Aline!
    Eu não conheço nada sobre a vida da Marilyn Monroe, mas ela ainda é um ícone, talvez sempre será.
    Não costumo ler biografias, mas achei legal que você citou que esse livro não é uma biografia, mas anotações que a atriz fez. Fiquei curiosa :)

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    Respostas
    1. É verdade, preciso dizer que também tenho uma certa resistência com biografias. Será que um dia venço?
      Não é nem um pouco parecido com livros de romance, são fotos e pensamentos soltos. Um dia você lê um pouco, depois esquece, aí lembra de novo. Mas, como disse, enquanto isso, ele fica bonitão na decoração! :)

      Beijo também!

      Aline

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