terça-feira, 29 de maio de 2012

Macunaíma – O herói sem nenhum caráter – Mário de Andrade



Mas, Aline, é esse livro mesmo que você vai resenhar? Não saiu da fase do pré-vestibular faz tempo?

Sim, faz. Inclusive, devo dizer que esse livro foi sim um dos listados na época (xiiiiii) que eu fui tentar entrar numa faculdade. E, mesmo eu, que leio, leio, leio, que encarei Lusíadas tranquilamente, como um desafio (outro que fazia parte da lista), devo dizer que, ao encarar Macunaíma pela primeira vez... O-D-I-E-I. E, fazendo coro aos meus protestos, uma colega de classe, que sonhava em fazer sociologia, dividiu a mesma opinião que a minha. Era muito absurdo pra um livrinho tão fino...


Mas, a gente cresce, e mesmo eu, me achando toda metidinha e adultinha pra idade, li o livro novamente (e pasmem – pela mesma colega, aspirante à socióloga, que também tinha detestado o livro). E dei o braço a torcer – com força – o livro é muito engraçado, divertido. Talvez eu, com 16 anos, no mau-humor que precedia as provas vestibulares, não estava com a mente suficientemente aberta para apreciar as nuances do livrinho.

Mas devo advertir, mesmo assim, que não é, como pode parecer, uma leitura fácil. Pode parecer, como disse, um livrinho (significando livro pequeno, devo esclarecer) meio de anedotas, de tiradas de sarro, e misturebas folclóricas.

Macunaíma, índio e negro, sai da mata amazônica, de onde nasceu, para explorar o Brasil. E aí se mete em diversas situações inusitadas, pois Mário de Andrade vai misturando diversas histórias, contos, folclores, nas andanças do personagem, que tem, digamos, uma noção toda peculiar de ética e moral.

E toda essa mistura vem com um viés moderno (claro, Mario de Andrade era um dos modernistas) e cheio de críticas implícitas, por exemplo, sobre nossa tendência de copiar culturas estrangeiras, e outros fatos sobre a moral do típico brasileiro. Embora escrito em 1928, continua bastante atual.

E sim, para quem não sabe, existe a versão cinematográfica (que não vi, sim, vergonha mesmo), de 1969, onde Grande Otelo representa o personagem-título.

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