sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pulmões de Aço – Uma Vida no Maior Hospital do Brasil - Eliana Zagui


Sim, sumi, mas por uma justa causa. Trabalhando. Horrores. Inclusive hoje, sexta-feira, pós Corpus Christi. Uma maravilha (só que não).
Mas ontem, sim, descansei, fui ao cinema, dei umas voltinhas no shopping e voltei com alguns livros na sacola, para variar. 

O de hoje, vinha namorando faz algum tempo, mas sempre adiava a compra. Mas, como estava decidida a vencer alguns preconceitos, comprei, finalmente. É uma autobiografia (e já disse aqui que não são meu estilo predileto). E a autora é brasileira.

Não é uma biografia comum. Eliana, com 2 anos de idade, teve poliomelite e, em 1976, foi internada às pressas no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Como sempre estava meio gripadinha, com garganta inflamada, os médicos da época sempre recusaram fazer a vacinação da menina. E naquela época, a pólio não estava erradicada. Pior, haviam surtos da doença. Agravando a situação, durante um bom tempo, os médicos que a atenderam, ao invés de perceber os sintomas da doença avançando, acharam que era mais uma gripe, mais uma infecção na garganta. Quando suspeitaram de pólio, iniciou-se uma corrida a hospitais maiores (ela é do interior). Quase não resistiu. Teve comprometimentos sérios, a paralisia a atingiu do pescoço para baixo. Foi colocada numa máquina conhecida como “pulmão de aço” (daí o nome do livro), para tentar fazer com que seus pulmões verdadeiros se recuperassem. Não deu. Teve que ser submetida a uma traqueotomia. 


A expectativa de vida para quem tem pólio é de dez anos. Ela já tem quase 40 anos morando no Hospital. E de lá, em sua cama, vendo tudo na horizontal (fica deitada praticamente o tempo todo, pois, devido à pólio, os ossos não se desenvolveram, podendo quebrar com um movimento mais brusco), sentiu os sintomas, amor, desilusão... viu os pais se afastarem, em visitas que foram diminuindo, sentiu dor ao se aproximar de uma pessoa que passava a visitar os internos mais frequentemente, mas depois, de repente e sem aviso, sumiam, descobriu que poderia usar a boca para escrever, pintar e ver o mundo pela internet, e também teve que ver seus amigos, também vítimas da pólio, partirem, um a um. Agora, restam ela e Paulo. Os amigos, que cresceram juntos e passavam, literalmente, vinte e quatro dias juntos, estavam indo embora.

Eliane conta que sim, os momentos de depressão ou de revolta foram muitos. Mas ela escolheu viver. E conta sua história, do jeito que lhe é possível: Com a boca.


Obviamente, não é o livro mais feliz do mundo. Muitas vezes, dependendo da passagem que a autora ia contando, bem, não tem como não ficar emocionado. Mas não é um relato depressivo. É um retrato de alguém que decidiu lutar, mesmo com o pouco que tinha. Achei bacana, inspirador. E muito fácil de ler, cheguei em casa ontem a tarde, li todo ele até a noitinha e deixei esse post semi pronto.

Recomendo, pois é um chacoalhão na gente, que as vezes reclama tanto, por tanta bobagem.... Bom feriado para todos vocês!


Nenhum comentário:

Postar um comentário